PERGUNTAS FREQUENTES:
Por que meu animal de estimação tem câncer?
Esta é uma das perguntas mais freqüentes entre os clientes com animais de estimação diagnosticados com câncer. Esta é uma questão difícil de responder na maioria dos tipos de câncer, mas a etiologia do câncer na maioria das vezes envolve a parte genética e fatores do meio ambiente. Existem linhas que afirmam que certos tipos de câncer acontecem mais comumente em certas raças, e nestes casos, a genética tem um papel fundamental. Mutações genéticas que podem levar ao câncer podem acontecer ainda na fase germinativa do animal, passando a ter uma predisposição hereditária de se desenvolver o câncer. Entretanto a maioria dos tipos de câncer surge de mutações genéticas que ocorrem durante o período de vida. Estas mutações somáticas podem resultar de fatores internos (como hormônios) ou fatores externos como fumaça de cigarro, produtos químicos, vírus ou raios solares. Nas pessoas, um terço de todos os tumores está relacionado com fatores do ambiente e do estilo de vida. Na oncologia veterinária, agente já reconheceu que a nutrição, hormônios, vírus e carcinógenos como fumaça do cigarro, pesticidas, amianto, e enlatados de alimento para gato são fatores que podem aumentar o risco de câncer em animais de estimação. Os proprietários devem estar cientes que o risco aumentado não poderá ser necessariamente igual a “causa e efeito”.
A biópsia (ou aspirado) irá fazer com que o câncer se espalhe?
Não existem evidências de que uma biópsia realizada de uma forma apropriada resulte em uma disseminação para algum lugar longe do tumor primário ou mesmo dê um impacto negativo no tempo de sobrevida do paciente. Já é bem sabido que as células tumorais podem se disseminar durante um procedimento cirúrgico, mas a implantação destas é altamente ineficiente e a maioria das células tumorais circulantes serão rapidamente destruídas. O local de biópsia deverá ser em local no qual poderá ser incluso em uma futura definitiva ressecção. Como regra geral, todas as incisões de biópsias em extremidades deverão sempre ser realizadas longitudinalmente ao eixo do membro. O procedimento de biópsia nunca deverá romper planos teciduais. Uma biópsia que atravessa um plano tecidual que não estava envolvido geralmente irá necessitar uma margem de cirurgia mais ampla para o controle da doença. A colocação de drenos deve ser evitada, uma vez que isso permite com que fluidos que possam estar contaminados com células tumorais entrem em contato com todo o tecido no qual o dreno estava colocado. Similarmente, a formação de seroma ou bolsas de fluidos podem permitir com que células tumorais invadam planos teciduais que previamente não estavam envolvidos.
O meu animal de estimação irá ter náuseas e vômitos durante a quimioterapia?
O potencial efeito benéfico que as drogas quimioterápicas têm sobre o câncer geralmente se sobrepõe sobre os possíveis efeitos colaterais da quimioterapia. Em geral 1 em cada 4 animais irá ter reações adversas á quimioterapia, e apenas menos 5 % irão ter sérios efeitos colaterais que requeiram hospitalização. Com um manejo apropriado, o risco de fatalidade associada com tratamento é menos que 1 em 100. Se ocorrerem sérios efeitos colaterais, a dose do quimioterápico poderá ser reduzida, ou medicamentos adicionais devem ser recomendados para se minimizar as chances de futuros efeitos colaterais. Distúrbios gastrintestinais tais como perda de apetite e vômito são os efeitos colaterais mais comumente relacionados com a quimioterapia. A maioria das gastrenterites são leves e auto-limitantes e os animais de estimação poderão ser tratados em casa na sua grande maioria. Animais que forem refratários ao tratamento ou tiverem sérios efeitos colaterais, irão necessitar ser hospitalizados, para a administração de fluidos e eletrólitos para reposição bem como anti-eméticos e tratamento de suporte.
O meu animal de estimação irá desenvolver alguma infecção durante a quimioterapia?
As células da medula óssea são células que se dividem rapidamente e são também sensíveis aos efeitos citotóxicos das drogas quimioterápicas. A maioria dos animais estará completamente normais mesmo que a contagem de células brancas e as plaquetas estejam abaixo do normal e nenhum tipo de terapia irá ser necessários. Se estas contagens estiverem muito baixas, antibióticos orais deverão ser recomendados como “profilaxia” para se prevenir infecções. A hospitalização, testes diagnósticos, administração de antibióticos injetáveis e outras medidas de suporte são recomendadas se existir febre ou outros sinais de doença presentes durante o episódio de supressão da medula óssea.
Meu animal de estimação irá perder os pêlos durante a quimioterapia?
A perda de cabelo é um dos efeitos colaterais mais conhecidos em pessoas que estão realizando quimioterapia, e isto pode ser emocionalmente devastador. Os animais de estimação raramente perdem seus pêlos, mas se isto ocorrer, eles não irão se abater com isso. A pelagem dos animais não cresce continuamente como em humanos, fazendo com que a perda da pelagem em animais seja incomum. Existem certas exceções em algumas raças como o poodle, old english sheepdog, e outras raças que possuem um constante crescimento dos pêlos e que precisam ser constantemente tosados. Estes pacientes poderão perder uma quantidade substancial da pelagem. Em qualquer cão ou gato, qualquer área que irá ser tosada poderá não crescer durante a realização da quimioterapia. Gatos (e alguns cães) poderão perder totalmente ou parte de seus “bigodes”. Qualquer pelagem ou bigode que irá crescer novamente após a quimioterapia poderá ser de uma textura ou coloração diferente.
O meu animal de estimação pode ficar entre os familiares e outros animais enquanto eles estão em tratamento quimioterápico?
Durante o curso da quimioterapia, não há problema algum que os animais estejam entre os membros da família. Divertir-se com atividades normais juntos, abraçar, dividindo a alimentação (ex: outros animais) são todas atividades sem perigo. Mas existem algumas precauções a se considerar. Eventos estressantes induzem uma super liberação de hormônios os quais podem ser nocivos ao sistema imune então por hora seria melhor se evitar situações não familiares ou mesmos lugares diferentes como parques de cachorros, banho e tosa. Se a droga quimioterápica é dada em casa, elas devem ser guardadas em lugar seguro, longe de crianças e de seu animal de estimação. Pílulas ou comprimidos quimioterápicos nunca deverão ser manipulados com as mãos sem alguma proteção. Luvas de látex deverão ser utilizadas e as mãos deverão ser sempre bem lavadas após a retirada das luvas. É normal que os metabólitos das drogas sejam eliminados na urina ou nas fezes por até 72 horas após o tratamento do animal. É recomendado que o animal seja levado para passear longe de áreas públicas por até 3 dias após serem tratados. Devem-se utilizar luvas quando se manipular as fezes dos animais ou a areia dos gatos em tratamento. A areia dos gatos e as fezes que sejam porventura derramados no chão da casa deverão ser limpos utilizando luvas de látex e devem ser descartados no vaso sanitário do banheiro e dado a descarga. As mãos devem ser sempre bem lavadas após qualquer manipulação. Se alguma mulher da família estiver grávida, ou que esteja amamentando, tentando a concepção, ou que esteja imunocomprometido, considerações especiais na interação com animais em tratamento deverão ser consideradas.
Eu poderei utilizar algum tipo de terapia complementar ou alternativa enquanto meu animal estiver em tratamento quimioterápico?
Terapias complementares ou alternativas como suplementos nutricionais, vitaminas e ervas são geralmente utilizados por proprietários com a intenção de poder melhorar o bem-estar e a função imune dos animais. Entretanto estas terapias podem ter interações negativas com as drogas anticancerígenas tradicionais. Elas podem alterar certas enzimas ou prejudicar proteínas de transporte das drogas, potencialmente interferindo com a farmacocinética dos agentes quimioterápicos e resultando em algum aumento ou diminuição dos níveis da droga. Mesmo com essas informações nos EUA, 76% dos proprietários de animais de estimação que estão em quimioterapia, relatam usar alguma terapia alternativa ou complementar. E quando perguntados se eles conversaram com o veterinário sobre o uso, 57 % respondeu que não. Homeopatia, acupuntura e massagens são terapias que não demonstram ter alguma interação negativa ou mesmo prejudicar os animais. Nota-se uma importante significância de uma comunicação com o veterinário responsável sobre a interação destas terapias para se avaliar uma interação prejudicial ou benéfica com os quimioterápicos utilizados.
O meu animal de estimação irá se curar do câncer?
Não existe uma definição absoluta de “cura”. Alguns consideram 2 anos e outros consideram 5 anos como um intervalo de tempo que pode ser considerado curado desta doença. Em humanos, uma taxa de sobrevida de 5 anos para todos os tipos de câncer é de 66%. A intenção é de se conseguir a cura em qualquer animal com câncer, mas infelizmente, uma real taxa de sobrevida a longo prazo ainda é desconhecida para muitos tipos de tumores. Para os tipos mais comuns de câncer em animais de estimação, uma sobrevida a longo prazo pode ser apenas de 20 a 40 %. A maioria das curas é adquirida se uma opção para este tumor é uma cirurgia efetiva. A quimioterapia e radioterapia são muito importantes para o controle de muitos tumores em animais, mas com um nível menor. Mesmo com a diminuição de longos prazos de controle em muitos casos, a maioria de nossos clientes irá concordar com uma melhora na qualidade e na duração de vida que é dada com o tratamento do câncer.
E seu não fizer nada ???
Cada proprietário tem sua própria intenção de qualidade e tempo de vida bem como de limites de possibilidades de efeitos colaterais e custos de tratamento. Escolhendo não se tratar o câncer, é sempre uma opção e raramente é questionável. Entretanto, terapias paliativas ou de suporte podem ainda com sucesso melhorar qualidade de vida sem obrigatoriamente aumentar duração de vida. Terapias paliativas podem incluir fornecendo analgésicos, anti-eméticos, estimulantes de apetite. Embora possa ser, difícil e doloroso, eutanásia possa ser recomendado para se aliviar dor ou outros aspectos não desejáveis do tratamento do câncer. Quando é posto a frente de tudo como prioridade os interesses dos animais de estimação, eutanásia não precisa ser o fim por si só, mas sim significando o fim de um sofrimento.